Espaço Central afirma política patriótica e de esquerda

Alternativa justa<br>urgente e possível

Gustavo Carneiro

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A afirmação da justeza, necessidade e possibilidade de concretizar a política alternativa patriótica e de esquerda que o PCP propõe ao povo português esteve, este ano, em realce no Espaço Central. A exactamente um mês das eleições legislativas, marcadas para 4 de Outubro, a denúncia da política de direita protagonizada desde há décadas por PS, PSD e CDS, as suas consequências para o País, os trabalhadores e o povo e a divulgação das propostas do Partido e da CDU assumiram um lugar destacado, tanto nesta que é a «sala de visitas» da Festa do Avante! como um pouco por todo o recinto, em diversos espaços e painéis, e em muitas das intervenções proferidas em debates, sessões e no próprio comício de encerramento.
No Espaço Central (um amplo e bem organizado conjunto de pavilhões, bancas e auditórios, locais de repouso e de convívio), os visitantes eram convidados a visitar a exposição política, que se iniciava junto à entrada principal do espaço. Ao longo de um imenso percurso de corredores e «praças», a exposição era composta por textos, fotografias, cartoons, gráficos e vídeos, constituindo um todo coerente e particularmente eficaz. Na primeira parte, com paredes pintadas a negro, denunciava-se a actual expressão da crise do capitalismo e as suas consequências no País: aumento do desemprego, empobrecimento generalizado, estagnação e recessão, agravamento das injustiças e desigualdades, emigração, privatizações, degradação do regime democrático e crescente submissão do País ao estrangeiro. Tudo isto ao mesmo tempo que aumenta a riqueza dos donos dos grandes grupos económicos.
Depois desta dura e fundamentada crítica às opções políticas que trouxeram o País à sua situação actual, a exposição identificava os responsáveis por tal rumo, através de caricaturas de muitos dos que assumiram o cargo de primeiro-ministro nos últimos 39 anos: Mário Soares, Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes, José Sócrates e Pedro Passos Coelho. O denominador comum? PS, PSD e CDS…

Luta, resistência e avanço

A segunda parte da mostra, já com as paredes pintadas de outras cores que não o negro, sublinhava a luta dos trabalhadores e do povo contra a política de direita em todas as suas expressões. Esta luta, acrescentava-se, era o caminho não apenas para isolar e derrotar o Governo (como sucedeu), como também para pôr fim à política de direita e empreender a construção de um País de justiça social, progresso e soberania.
Dando destaque às lutas lutas que se travaram, em múltiplos sectores e localidades, a exposição continha um grande ecrã onde era transmitido um filme com impressionantes imagens e sons da luta popular, num registo quase épico, que culminava com uma das Heróicas de Fernando Lopes-Graça, pela voz do coro que tem o seu nome. Juntamente com este filme, uma frase inscrita na parede contígua convidava à reflexão e, sobretudo, à acção organizada: «Valorizamos as grandes lutas e as mais modestas, afirmando que “é do pequeno que se faz grande, é pelos afluentes que o rio se alarga e avança”.»
Seguindo o trajecto da exposição, entrava-se numa nova área dedicada à submissão e dependência do País, que urge alterar, como sempre com a luta dos trabalhadores e do povo. O euro, o Tratado Orçamental ou a Governação Económica são alguns dos instrumentos de domínio com que é necessário romper para que seja possível um desenvolvimento soberano do País, em beneficício do seu povo. 

Soluções e trabalho

«A alternativa e as soluções» era o nome da quarta e última parte da exposição, na qual se apelava ao reforço do PCP e da CDU, portadores da «solução para os problemas do País». As propostas, essas, eram apresentadas de forma visível e clara: renegociação da dívida, valorização do trabalho e dos trabalhadores, defesa dos sectores produtivos e da produção nacional, afirmação da propriedade social e do papel do Estado na economia, serviços públicos ao serviço do País, democratização da cultura e do desporto, defesa do regime democrático e a afirmação da soberania nacional.
A possibilidade de aplicar esta política alternativa tinha também resposta nos painéis da exposição e desenvolvimento em alguns dos debates realizados – deixemo-las então para outro texto destas páginas. Certo é que do PCP e da CDU se pode esperar o respeito pelos compromissos assumidos e trabalho, muito trabalho… Na legislatura que agora terminou, e só no que respeita a projectos de lei, os deputados do PCP apresentaram 432, contra os 167 do PSD, os 116 do PS e os 108 do CDS…

 



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